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Em meio a pandemia, problemas técnicos marcam eleições 2020

Crédito: Fábio Ródrigues/Agência Brasil

jurinews.com.br

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Apesar de o país estar enfrentando a epidemia de Covid-19, os maiores problemas das eleições municipais, que ocorreram neste domingo (15/11), não foram de saúde, mas técnicos: o Tribunal Superior Eleitoral sofreu uma tentativa infrutífera de ataque, funcionou com metade dos servidores usados normalmente e enfrentou uma falha técnica no processamento da soma dos votos. Além disso, o aplicativo e-título apresentou instabilidade.

Nenhum dos problemas, no entanto, afetou o resultado final das eleições. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, se pronunciou diversas vezes ao longo do dia para prestar contas sobre as medidas adotadas pelo Tribunal para mitigar os efeitos dos contratempos.

O resultado do pleito também não está sob questão, já que as urnas eletrônicas não funcionam em rede e, portanto, não estão vulneráveis a ataques. Foram registradas falhas técnicas, mas não houve necessidade de votação manual em nenhum município brasileiro: as 3.509 urnas que apresentaram problemas foram substituídas em tempo hábil.

Segundo o último boletim divulgado pelo TSE, 55 candidatos foram presos em flagrante por crimes eleitorais, e outras 37 ocorrências sem prisão foram registradas. Entre os não candidatos, houve 139 pessoas presas e foram registradas 473 ocorrências de crime sem prisão.

Falha de processador
A divulgação dos resultados demorou bem mais que o normal. Até as 22h, por exemplo, o TSE só tinha divulgado o resultado da apuração de 0,39% das urnas de São Paulo, o maior município do país.

A lentidão na divulgação dos resultados do pleito se deveu, segundo Barroso, a um problema técnico específico: “um dos núcleos de processadores do supercomputador falhou e foi preciso repará-lo. Essa é a razão técnica pela qual ocorreu atraso”, afirmou.

Barroso também explicou que o TSE optou, na gestão passada por mudar o modelo de centralização dos votos. A totalização dos votos deixou de ser feita em cada TRE e passou a ser de competência da corte eleitoral.

“Eu tomei posse, já estava dessa forma. Desde o primeiro momento eu não tive simpatia por essa opção, mas foi a estabelecida e eu segui. Muito possivelmente por ser uma novidade pode ser uma das razões da instabilidade que nós sofremos”, contou

Tentativa de ataque
Barroso também informou que o sistema do TSE sofreu uma tentativa de ataque às 10h41 do domingo, que não teve qualquer efeito. O golpe consiste em simular vários acessos individuais, nesse caso localizados no Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia, em uma tentativa de derrubar o sistema por congestionamento da rede.

No entanto, a investida foi completamente neutralizada pela área de Tecnologia do Tribunal e empresas de telefonia, não chegando a causar qualquer transtorno nem afetar a votação em si.

Um servidor a menos
Segundo o Tribunal, o desligamento de um dos servidores provocou sobrecarga de sistemas. Barroso explicou que a retirada da rede foi feita em caráter preventivo após o ataque hacker paralisar as atividades do Superior Tribunal de Justiça.

Aplicativo instável
O aplicativo e-Título, criado para facilitar a burocracia eleitoral, ficou instável ao longo da votação. Em relato feito à ConJur, o advogado Eli Alves da Silva contou ter mudado de seção eleitoral após o cadastro biométrico em São Paulo. Ele não conseguiu verificar o número da nova seção porque o aplicativo estava fora do ar. No local, as listas de eleitores estavam desatualizadas, com dados que só iam até 2018, obrigando os eleitores a procurar os próprios nomes em cada seção do colégio.

Barroso informou que essa instabilidade foi causada pelo excesso de eleitores que deixaram para baixar o aplicativo de celular em cima da hora. O ministro disse que, apesar da sobrecarga, o aplicativo estava “funcionando adequadamente”.

Vazamento de dados
Na tarde do domingo, começaram a circular notícias sobre um ataque hacker que teria levado ao vazamento de dados sobre os funcionários do tribunal. Os supostos hackers destacaram que quiseram provar que o sistema do TSE continuava vulnerável, apesar das medidas tomadas após o ataque ao STJ.

Em relação a isso, Barroso esclareceu que os dados provavelmente foram obtidos antes do reforço do sistema de segurança da Corte. “Há informação na imprensa de que teria havido um ataque com vazamento de informações sobre os servidores. Nada ocorreu hoje, nem tampouco nos últimos dias relativamente a ataques”, afirmou em coletiva de imprensa.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, confirmou que a Polícia Federal está investigando o caso. “O que já se sabe é que os dados divulgados são antigos. E que o acesso a estes dados ocorreu antes de 23 de outubro deste ano”, declarou o ministro ao apresentar, em Brasília, um balanço da atuação integrada de forças de segurança pública de todo o país.

Fonte: Conjur

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