Um grupo de advogados é suspeito de montar um esquema milionário de ações trabalhistas contra empresas do setor siderúrgico em Minas Gerais. De acordo com fontes do setor e informações a que VEJA teve acesso, eles se associaram a sindicatos dos metalúrgicos nas cidades de Ouro Branco, Barão de Cocais e Divinópolis (localidades onde essas empresas mantêm unidades de produção de aço), e abriram processos baseados em informações confidenciais, obtidas de maneira ilegal.
Entre 2016 e 2022, mais de 200 processos individuais foram ajuizados pelo grupo, que tem entre seus membros três advogados que trabalharam no setor. Das ações coletivas, cinco foram encerradas por acordo e renderam aos sindicatos 26 milhões de reais e outros 5,4 milhões de reais aos advogados a título de honorários.
O esquema investigado envolve quatro pessoas, mas tem como figura-chave o advogado Carlos Eduardo Panzera, um ex-funcionário do setor, onde trabalhou por mais de vinte anos. Entre as suas atribuições nesse período Panzera coordenava, conduzia e negociava todos os acordos trabalhistas junto a sindicatos, bem como acompanhava causas trabalhistas.
Desligado em 2016, ele mudou de lado e passou a reunir advogados, coincidentemente ex-funcionários e ex-subordinados seus, para entrar com as ações. Segundo pessoas familiarizadas com o caso, esses processos foram constituídos a partir de seus conhecimentos da estrutura e processos organizacionais, no tempo em que ele trabalhou no setor, utilizando-se de informações privilegiadas.
Se comprovadas, as condutas do grupo podem caracterizar violação de segredo profissional, estelionato, tergiversação, associação e organização criminosa, bem como outras implicações nas esferas legal e jurídica.
Com informações da Veja