O procurador da República Paulo Roberto Galvão de Carvalho, do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, pediu à Polícia Federal (PF) a abertura de inquérito para investigar a conduta do ex-campeão mundial de fórmula Nelson Piquet, que sugeriu a morte do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O piloto participou das manifestações antidemocráticas conduzidas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que contestam o resultado das eleições deste ano.
Em vídeo que circula nas redes sociais, Piquet completa o lema bolsonarista “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, com a frase “Lula no cemitério” seguida por palavras de baixo calão. O MPF considerou que as falas do piloto tiveram a intenção de “incitar a prática de atos concretos de violência contra o governante eleito”. O procurador Galvão de Carvalho determinou que a PF colha o depoimento de Piquet.
“As declarações proferidas por Nelson Piquet, em análise preliminar, aparentam não se limitar a meras expressões de opinião a respeito do governo eleito – situação em que seriam constitucionalmente asseguradas -, podendo constituir de forma concreta formas de incitação dirigida à população em geral, voltadas tanto à prática de violência contra o candidato eleito, assim como à animosidade entre as Forças Armadas e os poderes constituídos”, escreveu o procurador.
No despacho, Galvão de Carvalho ainda considera que as falas de Piquet poderiam incitar a deposição do governo eleito. O piloto xingou Lula na gravação e disse que os manifestantes iriam tirar o presidente disso (Presidência). O procurador cita que parte dos manifestantes defende a intervenção das Forças Armadas para impedir a diplomação e a posse do petista.
“Fugindo” da Justiça
A Justiça do Distrito Federal não tem conseguido notificar o ex-piloto, processado por entidades de direitos humanos devido a falas homofóbicas e racistas proferidas por ele. Em 2021, ele hamou o também piloto Lewis Hamilton de “neguinho” e ofendeu o finlandês Keke Rosberg, campeão da Fórmula 1 em 1982 e pai de Nico Rosberg, ex-companheiro de Hamilton na escuderia Mercedes. Na ocasião, o brasileiro disse que não cometeu racismo e que suas falas direcionadas a Hamilton foram mal pensadas, mas que são usadas como sinônimo de “cara” ou “pessoa”.
Desde junho, quando a ação foi ajuizada, o oficial de Justiça tenta notificar Piquet, mas nenhuma das tentativas foi exitosa. Em outubro, ele foi três vezes à Fazenda Piquet, mas o ex-piloto estava ausente em todas elas. No processo, os grupos Educafro e Centro Santo Dias de Direitos Humanos pedem 10 milhões de reais de indenização por danos morais coletivos.
Com informações da Veja