O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou nesta quarta-feira, 5, os questionamentos à Constituição Federal de 1988 “provenientes de juízos de conveniências”.
“Pode-se até divergir, mas nunca descumprir”, pregou. “Não é por acaso que esta Constituição de 1988 instaurou o mais longo período democrático do País.”
A promulgação do texto constitucional completa 34 anos neste 5 de outubro. O STF montou uma programação especial para comemorar a data.
Sob a presidência de Ulysses Guimarães, aAssembleia Constituinte foi responsável por elaborar o texto constitucional ao fim da ditadura militar (1964-1985). A Constituição se tornou um dos principais símbolos da redemocratização brasileira.
“Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania, onde quer que ela desgrace homens e nações, principalmente na América Latina”, disse Gilmar repetindo trecho do discurso histórico de Ulysses Guimarães em 5 de outubro de 1988.
O ministro afirmou que a Constituição foi essencial para “melhorar o nível da vida da população”.
O texto constitucional rompeu com o regime conservador de proteção social adotado desde 1930 no Brasil. Até então, a titularidade dos direitos sociais ficava restrita à parcela da população inserida no mercado formal de trabalho. Foi a Constituição que passou a prever a universalização do ensino e da saúde, com o Sistema Único de Saúde (SUS).
“Não apenas na saúde e na educação, o constituinte empreendeu visão universalista. Os objetivos de reduzir desigualdades sociais e regionais e o de criar uma sociedade livre, justa e solidária perpassam todo o texto constitucional”, afirmou o ministro. “Os mais vulneráveis realmente precisam dessa rede de proteção social.”
Gilmar Mendes também disse que não falta “coragem” ao STF para defender a Constituição. “Assim o faremos de forma resoluta, sem titubear e com unidade”, garantiu.
O decano ainda elogiou o colega Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que segundo Gilmar Mendes tem defendido o processo eleitoral brasileiro de “sério ataque antidemorático jamais presenciado”. “Que só chegou a esse ponto em razão da omissão conivente de diversos órgãos e agentes públicos”, criticou.
Com informações do Estadão