O presidente da Câmara, Arthur Lira, decidiu abrir discussão sobre a regulação dos institutos de pesquisa. “Vamos conversar com líderes e partidos para que num momento mais calmo no futuro se defina uma conduta para eleições futuras”, disse nesta segunda-feira (3) em entrevista a Globo News.
“O Ipespe de quatro errou em três, e errou feio, em larga margem”, disse o alagoano, que foi reeleito para mais um mandato na Câmara dos Deputados.
Ele lembrou que Ricardo Barros, líder do governo, defende a abertura de uma CPI. “A população clama e reclama, muita gente se angustia e cabe ao Congresso Nacional regular isso”, pontuou Lira.
PROJETO DE LEI
O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), confirmou nesta segunda-feira (3), em entrevista à CNN, que irá propor um Projeto de Lei para criminalizar institutos de pesquisa que divulgarem levantamentos que sejam diferentes do resultado das urnas — considerando a margem de erro estipulada pela própria entidade.
“O meu projeto de lei propõe que: pesquisa publicada na véspera da eleição, que tenha diferença na urna maior que a margem de erro é crime — será punido com cadeia e multa”, afirmou.
Barros contou que a proposta dirá que “pesquisa publicada na véspera da eleição cujo resultado não coincida dentro da margem de erro é crime”. Ele também irá propor pena alta, “não só de cadeia, como de indenização” aos institutos de pesquisa.
RESULTADOS DIFERENTES
No sábado (1º), um dia antes do primeiro turno, Lula tinha 50% das intenções de votos válidos, enquanto Bolsonaro aparecia com 36%, segundo pesquisa Datafolha. No mesmo dia, pesquisa Globo/Ipec mostrou o petista com 51%, e o presidente, com 37%. Ambos os levantamentos tinham margem de erro de dois pontos percentuais.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu 48,43% dos votos válidos neste domingo (2), contra 43,20% do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 99,99% das urnas apuradas.
Já a pesquisa Ipespe divulgada no sábado trazia Lula com 49%, e Bolsonaro, com 35%. A Genial/Quaest da mesma data indicava, respectivamente, 49% e 38%. O primeiro levantamento tinha margem de erro de três pontos percentuais; o segundo, de dois pontos.
HISTÓRICO DE ERROS
Os institutos erraram as projeções mesmo considerando a margem de erro, especialmente em relação aos votos para Bolsonaro.
“O histórico de erros é muito longo […] é muito improvável que a gente possa conviver mais tempo com esse problema. Pesquisa errada pode virar definidor de eleições”, disse Barros.
Para o deputado, os institutos de pesquisa devem “dar um jeito” para acertar a pesquisa e não depender do Censo.
“Quem quer fazer pesquisa precisa ter matéria prima para isso, conhecer a sociedade brasileira […] ele tem que se virar para acertar a pesquisa dentro da margem de erro que ele mesmo colocar”, disse.