Pré-candidato à Presidência pelo Podemos, o ex-ministro Sergio Moro resolveu atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) por ter anulado condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava-Jato. As decisões da Corte abriram caminho para o petista concorrer ao Planalto nas eleições deste ano — ele é líder das pesquisas de intenção de voto.
“O recado que o Supremo está mandando é que o crime compensa. O erro não está no juiz, no Ministério Público, não está em Curitiba. Você tem de olhar para Brasília, olhar para o Supremo”, disse, em entrevista à Rádio 96FM, de Natal. “Não teve perseguição coisa nenhuma”, acrescentou, numa referência ao fato de ter sido considerado, pela Corte, suspeito na condução dos processos contra Lula.
Moro enfatizou que a anulação das condenações do petista, do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral não prova que eles são inocentes. “Todas as violações de leis feitas pelos governos anteriores, e pelo atual, não levaram o país muito longe. Então, se para governar você tem de violar a ética, a lei, no mínimo, o Brasil tem de crescer muito, e as pessoas têm de estar muito bem. Mas (o país) está estagnado”, afirmou.
O posicionamento de Moro, porém, é alvo de críticas no mundo jurídico. “Quem tem a responsabilidade de provar a culpa, de maneira honesta, é o órgão acusador”, destacou Antonio Carlos de Freitas Júnior, especialista em direito constitucional.
Para Freitas Júnior, a insistência de Moro reforça sua parcialidade. “Outra fala crítica (do ex-juiz) foi dizer que Lula deveria estar na cadeia. Isso demonstra que ele é parcial e que estava desejoso por um resultado. O juiz não pode ter esse desejo. A fala dele só confirma a decisão do STF. Estava na cara que ele queria condenar”, ressaltou.
Dificuldades
Com desempenho contestado e em crise com o Movimento Brasil Livre (MBL), Moro tenta encontrar um jeito de sobreviver na disputa. Em busca de uma identidade, tem apelado para aparições em programas e conversa com influenciadores digitais que abandonaram o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde que vieram à tona os comentários de cunho sexista do deputado Arthur do Val sobre mulheres ucranianas, a expectativa é de que houve prejuízo à campanha de Moro, que não decolou. Foi o segundo desgaste, em menos de um mês, provocado por aliados do ex-juiz. O primeiro havia sido uma declaração crítica à criminalização do partido nazista, feita pelo deputado Kim Kataguiri (SP).
Embora o ex-ministro sustente que está tudo em paz na sua relação com o MBL, na prática não é bem assim. Ele não quis rifar o apoio do grupo por completo, mas começou a isolar os cabeças do movimento de discussões da campanha, numa tentativa de conter danos.
O pré-candidato está montando um grupo paralelo para refletir melhor seu real conselho político, com nomes como os senadores Álvaro Dias (PR) e Oriovisto Guimarães (PR); a deputada Renata Abreu (SP), presidente nacional do partido; e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo.
Com informações do Correio Braziliense