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Criada no subúrbio do RJ, advogada luta pelos direitos dos imigrantes na Alemanha

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Fazer a diferença na vida das pessoas. Esse é um dos propósitos de Delaine Kühn. Criada no subúrbio do Rio de Janeiro, a carioca de 40 anos contrariou todas as probabilidades, saindo do lugar onde nasceu para advogar e se tornar vereadora na cidade de Hanôver, capital do estado da Baixa Saxônia, na Alemanha.

Desde 2017 no país, ela conquista, a cada dia, reconhecimento profissional na Europa, com foco em atendimentos jurídicos nas áreas de migração, família e internacional. Com diversos clientes brasileiros desde que começou a atuar no exterior, ela também presta suporte para imigrantes da Albânia, Alemanha, Gana, Nigéria, Síria e Turquia.

Além da sede principal no norte germânico, o escritório inaugurou, recentemente, uma filial em Berlim, capital alemã, por causa da crescente demanda pelos serviços: “Agradeço aos meus pais por terem me dado a oportunidade de estudar, desta forma pude quebrar as barreiras que a sociedade me impôs”, confessa a advogada.

A história da brasileira com a Alemanha começou em 2004, quando morou por quatro anos no país. Em sua primeira experiência, Delaine relembra que ainda não tinha a possibilidade de advogar devido ao processo de reconhecimento do diploma. Obstinada, a profissional conta que, por muitos anos, buscou alternativas sobre como atuar no cenário internacional, até achar uma solução: “Encontrei uma possibilidade de me tornar uma advogada portuguesa na Alemanha. A primeira coisa que fiz foi a minha inscrição em Portugal e eu já sabia também sobre as leis alemãs e direito migratório”, recorda a brasileira.

Em 2017, ela retornou de vez, junto com o marido alemão e a filha, hoje com 14 anos de idade. Para a carioca, essas duas fases foram cruciais para o seu crescimento pessoal. “Quando eu vim pela primeira vez, eu só pensava em voltar para o Brasil. Já na segunda vez, eu vim mais plena, já sabia também de todos os problemas que têm por aqui e lá”, reflete.

Delaine acumula no currículo títulos de qualificação como advogada brasileira (OAB-RJ) e portuguesa (OA-Lisboa), além de ser inscrita na Ordem dos Advogados de Celle, cidade localizada em território germânico. Com uma relevante bagagem profissional adquirida no Consulado Geral da Alemanha no Rio de Janeiro, ela também pontua as dificuldades que teve que contornar ao longo do caminho.

Dois dos seus maiores desafios no início da carreira internacional foram o idioma e o próprio medo de não ser aceita no mercado: “Tive uma boa surpresa quando ia nas audiências, porque os juízes sabiam que eu não era alemã, até mesmo pelo meu sotaque, mas todos foram bem sensíveis e expliquei todo o meu passo a passo de como poderia estar advogando no país”, conta ela, que também é intérprete juramentada na Alemanha.

Engajamento no combate à violência doméstica e introdução à carreira política

Delaine Kühn também se tornou referência no trabalho de prevenção à violência doméstica na Alemanha. Engajada na causa, ela presta apoio à mulheres estrangeiras vítimas de abusos que recorrem à associação “Brasileiras em perigo na Alemanha”, iniciativa de Débora Denecke, maquiadora radicada há mais de 20 anos no país. Integrante da equipe jurídica da associação, a advogada tem papel fundamental na orientação e prevenção às vítimas de violência em situação vulnerável. Delaine acrescenta que recebe clientes alemãs e da América Latina que relatam casos de abuso por seus companheiros.

Atualmente, a brasileira divide a rotina de advogada no escritório com a função de vereadora da cidade de Hanôver. O gosto pela política, inclusive, é herança do pai, desde cedo. A carioca tomou posse do cargo em novembro de 2021 e reflete a importância de fazer parte do sistema alemão: “Eu me sinto lisonjeada por ser uma brasileira na política da Alemanha, até para quebrar estereótipos e estimular cada vez mais mulheres que gostariam de fazer parte, porque, sim, é possível”, conta.

Além disso, ela também enxerga uma forma de aliar os dois ofícios, já que faz parte do conselho de integração, que tem como foco ajudar os imigrantes. Recém-chegada no contexto político, Delaine planeja fazer uma festa para as mulheres expatriadas. O objetivo é, principalmente, promover um encontro de troca de experiências entre as imigrantes que passam por um adversidades durante o período de adaptação, seja pela língua ou pela dificuldade de recolocação profissional.

Para Delaine o idioma é a liberdade. Como conselho para qualquer pessoa que está chegando em um novo país, ela reforça a importância de aprender a língua local: “Quando você tem a capacidade de incorporar o idioma na sua vida, muitos problemas podem ficar menores. Ninguém precisa falar perfeitamente, mas é importante para não depender de uma relação e até mesmo saber se posicionar”, encoraja a brasileira.

Com informações do Agora Europa

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