Em meio a uma saraivada de críticas sobre gastos supérfluos que a OAB de Goiás vem recebendo, novos dados vieram à tona para deixar a situação ainda mais complicada. Mesmo com a pandemia, a OAB de Goiás gastou R$ 7,1 milhões em propaganda e publicidade, refeições, jantares e hotéis de luxo em Goiânia e até fora do estado, além da aquisição de presentes e brindes.
Foram mais de R$ 4,2 milhões em propaganda, R$ 2,3 milhões em refeições, jantares e viagens e R$ 580 mil em presentes e brindes adquiridos pela entidade, cuja necessidade e destinação não são informados pelos canais da OAB de Goiás. Isso tudo num momento em que a anuidade da OAB de Goiás se consolida como a segunda mais cara do Brasil.
Os dados gerais estão disponíveis no portal da transparência da entidade, embora, em muitos casos, o portal não apresente as notas fiscais e os nomes dos verdadeiros favorecidos. A OAB de Goiás é presidida pelo advogado Lúcio Flávio, que apoia a candidatura de Rafael Lara para sua sucessão. Lara também é dirigente da Ordem.
Gastos de 15 mil em jantares e 90 mil em resorts
Dentre as poucas notas fiscais disponíveis no portal da transparência, alguns casos chamam atenção, como o valor de mais 15 mil gastos num jantar no GRA Bistrô, um dos mais requintados restaurantes da capital goiana, que incluiu champanhe, drinks e pratos como scargot e polvo.
Em outra situação, a OAB bancou viagem ao resort Vila Galé, na Bahia, para dois de seus mais importantes diretores. Na conta “resorts”, em outra ocasião foram mais de R$ 90 mil num resort de luxo em Caldas Novas.
Jantares de R$ 4 mil a R$ 5 mil reais parecem rotina para a cúpula da OAB de Goiás, se levarmos em conta as poucas notas fiscais disponíveis no portal da transparência. Mais de R$ 5 mil no Maiale, o melhor restaurante da turística Pirenópolis, nos arredores de Brasília. R$ 4.200 no Botelli, um restaurante italiano frequentado pela elite da capital são outros exemplos.
Falta de transparência
Eleitos com o discurso da transparência, os dirigentes da OAB, Lúcio Flávio e Rafael Lara, não explicaram ainda porque o portal da transparência da entidade é tão vago e falho nos detalhes das informações.
De mais de 100 contratos assinados pela entidade, apenas 18 podem ser acessados no portal. Além disso, a maioria dos gastos com publicidade, jantares e viagens não estão detalhados no portal, como manda a lei. O que faz supor que o escândalo dos jantares ostentação pode ser ainda maior. Outro ponto falho é a falta de informação acerca dos salários que são pagos pela OAB a funcionários e colaboradores.
Ao longo das últimas semanas, quando várias dessas informações vieram à tona, o presidente Lúcio Flávio se limitou a dar explicações genéricas, dizendo que eram gastos necessários. Atual dirigente da OAB-GO e candidato a presidente com o apoio da cúpula da entidade no estado, Rafael Lara não se manifestou a respeito do assunto.