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Pré-candidata diz que grupo à frente da OAB-BA lançou nome feminino apenas para manter competitividade

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A advogada Ana Patrícia Dantas Leão, uma das pré-candidatas na eleição que definirá os rumos da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), no próximo mês de novembro, acredita que o grupo à frente da instituição teve de apoiar um nome feminino apenas para manter a competitividade no processo eleitoral.
 
“Acredito que eles não tiveram opção, para ter uma chapa com competitividade, se não ceder, finalmente, espaço para que as mulheres protagonizassem, dentro do grupo, os debates da advocacia”, avaliou em entrevista a JuriNews.
 
Primeira mulher a ocupar a vice-presidência da OAB-BA, eleita junto ao atual presidente, Fabrício Castro, em 2018, Ana Patrícia decidiu romper com os nomes que comandam a instituição há nove anos para colocar seu nome à disposição da advocacia baiana na disputa que promete ser marcada pelo protagonismo feminino.
 
Outras duas advogadas também são pré-candidatas: Alice Cintra e Daniela Borges. Esta última é atualmente conselheira federal da OAB e conta com o apoio do presidente Fabricio Castro, que decidiu não disputar a reeleição e passou a apoiá-la.

Ana Patrícia relaciona o surgimento de outras advogadas no cenário eleitoral ao seu movimento político de desembarque.
 
Para a pré-candidata, seu diferencial ante as demais concorrentes – pelas quais demonstrou apreço – está no projeto e na promessa de rompimento com o que vem sendo feito nos últimos anos. Ana Patrícia acredita que partir do princípio de que a atual situação na OAB-BA  está boa é o mesmo que defender “preservação de espaço de poder”.
 
Ao longo da entrevista, a  advogada também opinou sobre o fato de outras pré-candidaturas femininas estarem despontando nas disputas em seccionais de outros estados. “Me parece um processo natural as mulheres não aceitarem mais que os homens digam como ou quais cadeiras iremos ocupar”, opinou.
 
Confira a seguir a entrevista:
 
JuriNews: A senhora disputa com ao menos outras duas pré-candidaturas encabeçadas por mulheres – Alice Cintra e Daniela Borges. Até aqui, pelo que tem acompanhado, qual o principal diferencial que a senhora oferece em relação às demais concorrentes – quanto a ideias e trajetória?
 
Ana Patrícia: Primeiro, gostaria de dizer que enxergo as outras candidatas com muito valor. A diferença está no projeto. Na coragem de propor mudanças. O cenário que temos hoje, da Advocacia e da OAB, é um cenário que exige de todos nós, que temos um compromisso com a advocacia, e com a história e tradição da OAB , que façamos mudanças pela luta.
 
Luta pela melhoria da advocacia. Luta pela reestruturação do Judiciário. Não adianta se colocar entendendo que o que está posto está bom. Isso é defesa de preservação de espaço de poder. Acredito que tenho, juntamente com um grupo que me acompanha, um projeto de força, no sentido de ter coragem para os enfrentamentos, de apresentação de projetos com possibilidades reais de melhoria da condição da advocacia.
 
O que acredito é que nós temos, hoje, posições e projetos muito mais efetivos do que os que já foram postos.
 
Com pré-candidaturas femininas, a questão de gênero acabou se tornando algo central na eleição. Acredita que seu rompimento com o atual grupo que comanda a Ordem tem alguma relação com isso?
 
Aqui na Bahia, especificamente, tenho a mais absoluta certeza que o meu rompimento foi sim, não há a menor dúvida, a causa, o fator, da mudança de planos da atual gestão.
 
Tínhamos, no grupo do qual até então eu fazia parte, já certa uma estrutura de reeleição do presidente Fabrício Castro que acabou, no final das contas, optando por não disputar a e anunciar apoio às pré-candidaturas de Daniela Borges e Christianne Gurgel para presidente e vice, respectivamente.
 
Acredito que eles não tiveram opção, para ter uma chapa com competitividade, se não ceder, finalmente, espaço para que as mulheres protagonizassem, dentro do grupo, os debates da advocacia. Eu, enquanto mulher, não aguardei que ninguém me autorizasse para que eu protagonizasse o debate.            
 
A senhora avalia que existe um fator regional muito próprio para o destaque das candidaturas femininas na Bahia. Ao mesmo tempo, esse é um movimento verificado em outros estados. Como a senhora avalia esse movimento também pelo país?
 
Estou acompanhando o movimento em outros estados onde também temos pré-candidaturas femininas em crescimento. Acredito que é um momento de posicionamento, de transformação. As mulheres estão ocupando cada vez mais espaços e no âmbito da OAB não pode ser diferente.
 
Me parece um processo natural as mulheres não aceitarem mais que os homens digam como ou quais cadeiras iremos ocupar. A questão das mulheres estarem se colocando como pré-candidatas em outros estados é um resultado deste fortalecimento da trajetória feminina dentro das instituições.  
 
Como está a pré-campanha e já existe uma definição de nomes que vão compor a chapa?

Temos um projeto de transformação verdadeira da advocacia. Estamos fazendo uma trajetória de muita independência, de muita força e transformação. É uma caminhada entusiasmada pela forma como a advocacia tem nos abraçado e pelas manifestações espontâneas que temos recebido.

Em relação aos nomes que estão se somando ao projeto de resgate da OAB Bahia, estamos em uma construção muito interessante, de forma muito cuidadosa, buscando ter muita coerência com o que nós acreditamos, com o que estamos propondo para a advocacia e vamos oferecer uma chapa muito representativa.

Tenho certeza que a advocacia baiana vai se sentir representada e muito orgulhosa com o que iremos apresentar.
 
Quais serão as suas prioridades caso seja eleita presidente da OAB-BA?
 
Minha maior prioridade é a advocacia. O fortalecimento da Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia. Uma Ordem que esteja enfraquecida reflete diretamente na defesa da advocacia, na maneira como o Poder Judiciário trata a advocacia.

E aqui reforço a importância de fazer uma gestão com muita atenção para os advogados do interior que estão sofrendo muito. Tenho dito em todas as oportunidades um lema que acho extraordinário. Um lema que aprendi trabalhando muito próximo das pessoas com deficiência. Eles tem um lema que acho fantástico: Nada para nós sem nós.
 
Estamos propondo uma OAB de inclusão, onde a advocacia – na sua pluralidade e diversidade –  esteja dentro, se sentindo representada, para que o resultado de nossas ações alcance de forma verdadeira a advocacia, a sociedade. Que nós tenhamos a possibilidade de resgatar um sentimento de orgulho. Orgulho de ser advogado. Nossa classe perdeu isso e vamos fazer um resgate.

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