O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) publicou nesta quarta-feira (25), no Diário da Justiça Eletrônico, a alteração oficial do nome do juiz aposentado que atuava como Edward Albert Lancelot Dodd-Canterbury Caterham Wickfield para seu nome verdadeiro: José Eduardo Franco dos Reis.
A mudança encerra formalmente a farsa mantida por mais de quatro décadas, durante as quais Reis ocupou cargos na magistratura usando uma identidade fictícia de suposta descendência britânica. Ele é réu em ação penal por falsidade ideológica e uso de documento falso.
RELEMBRE O CASO
A fraude foi revelada em abril e veio à tona após o magistrado tentar tirar uma segunda via do RG com o nome falso em outubro de 2024. A identificação por impressão digital apontou a duplicidade, e a Polícia Civil iniciou a investigação.
Reis ingressou na magistratura paulista em 1995 e se aposentou em 2018, atuando por anos sob o nome inventado. De acordo com o Ministério Público, ele “enganou quase a totalidade das instituições públicas” com documentos falsificados, incluindo certidão de nascimento forjada com pais fictícios e data de nascimento alterada.
A defesa do juiz alegou à Justiça que ele apresenta traços compatíveis com transtorno de personalidade esquizoide e que teria criado a identidade fictícia após uma crise existencial. Um pedido de instauração de incidente de insanidade mental foi apresentado, o que pode levá-lo à inimputabilidade.
Apesar da alegação de que jamais obteve vantagem com a fraude, Reis assinou milhares de decisões judiciais usando o nome falso e chegou a coordenar unidade da Escola Paulista da Magistratura.
A certidão falsa utilizada por ele foi registrada com o mesmo número de sua certidão original, no cartório de Águas da Prata (SP), mas com dados divergentes — o que facilitou a detecção da fraude com o avanço da biometria digital nos sistemas de identificação do estado.