A Polícia Civil indiciou o advogado Daniel Nardon por suspeita de fraudes em série envolvendo clientes e ações judiciais. Ele é acusado de ficar com valores obtidos em processos, enganar clientes e utilizar procurações assinadas em nome de pessoas já falecidas. Atualmente, está foragido e teve sua atividade profissional suspensa pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Seu escritório foi alvo de uma operação no dia 7 de maio.
O esquema, classificado pela Polícia como “advocacia predatória”, pode ter prejudicado milhares de pessoas e causado prejuízo estimado em até R\$ 320 mil. Outras 13 pessoas também são investigadas por crimes como estelionato, falsidade ideológica, falsificação de documento, patrocínio infiel, uso de documentos falsos, fraude processual e apropriação indébita. Ao todo, 45 inquéritos foram abertos.
PROCURAÇÃO APÓS A MORTE
Segundo o delegado Vinícius Nahan, o Ministério Público requisitou investigação após constatar, em janeiro de 2025, que uma ação judicial havia sido ajuizada em nome de uma pessoa falecida em junho de 2024. A suposta procuração apresentada no processo foi assinada em agosto, dois meses após a morte.
“O advogado ingressou com ações de revisão contratual contra um banco, apresentando documentos como se tivessem sido assinados pela pessoa falecida. A contradição foi detectada pelo juízo, que acionou o Ministério Público”, explicou Nahan.
Em um dos processos, a Justiça intimou Nardon para prestar esclarecimentos. A resposta do advogado foi que, no momento da assinatura, ele “desconhecia a morte do autor”, pois não havia nenhuma “comunicação oficial” sobre o óbito.
PADRÃO REINCIDENTE
Apesar da justificativa, a Polícia Civil identificou que a mesma procuração foi usada não só naquele processo, mas também em outras oito ações ajuizadas no mesmo dia em diferentes varas cíveis da comarca de Porto Alegre. Todas as ações envolviam a mesma pessoa já falecida.
O filho da vítima foi ouvido e declarou nunca ter autorizado as ações e desconhecer qualquer relação contratual com os bancos citados. Também afirmou que a assinatura nos documentos não é da família.
A defesa de Nardon chegou a ser constituída, mas informou que perdeu contato com ele desde o dia da operação. “Ele foi intimado formalmente, mas não compareceu nem apresentou justificativas. Está foragido”, concluiu o delegado.