O Tribunal de Contas da União (TCU) aplicou multas que totalizam R$ 410 mil a sete ex-diretores da Eletrobras, incluindo o ex-presidente Wilson Ferreira Júnior, devido a irregularidades na contratação do escritório de advocacia internacional Hogan Lovells. A decisão foi tomada em 19 de fevereiro de 2025.
O escritório Hogan Lovells foi contratado em 2015 para conduzir investigações internas relacionadas a possíveis violações das leis anticorrupção dos Estados Unidos nas operações da Eletrobras, especialmente aquelas vinculadas à Operação Lava Jato. O contrato inicial, estimado em pouco mais de R$ 6 milhões, sofreu aditivos que elevaram seu valor para aproximadamente R$ 340 milhões, dos quais quase R$ 300 milhões foram efetivamente pagos.
A área técnica do TCU identificou um sobrepreço de R$ 189,5 milhões nesse contrato. Além disso, verificou-se que cerca de R$ 260 milhões dos valores pagos foram destinados à subcontratação de outras firmas de advocacia e consultorias. Dentre essas subcontratações, mais de R$ 150 milhões foram direcionados a quatro escritórios específicos, um dos quais tinha como sócio um ex-procurador da Lava Jato.
O ministro relator do caso no TCU, Benjamin Zymler, destacou a ausência de estudos técnicos adequados que justificassem a contratação do escritório Hogan Lovells e apontou uma discrepância significativa entre os valores pagos e os resultados obtidos. O caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF) para apuração adicional.
A Eletrobras foi privatizada em 2022. Zymler ressaltou que, caso a privatização não tivesse ocorrido, o caso poderia ter resultado em uma tomada de contas especial de R$ 200 milhões, com poucas chances de defesas eficazes contra as irregularidades apontadas.
Na época da contratação do Hogan Lovells, haviam sido descobertos indícios de corrupção na Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pela construção da usina Angra 3. O valor identificado como desviado nas obras investigadas era de pouco mais de R$ 300 milhões, montante semelhante ao total pago ao escritório de advocacia.
A privatização da Eletrobras poderia ter levado ao arquivamento do processo, mas uma intervenção do ministro Bruno Dantas garantiu a continuidade das investigações.