O filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional, marcando um momento histórico para o cinema brasileiro e reforçando a importância da memória e da justiça.
O longa retrata o desaparecimento político de Rubens Paiva durante a ditadura militar e a luta de sua família para seguir em frente. Inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado, a obra destaca a trajetória de Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres. Viúva desde 1973, Eunice tornou-se advogada e referência em Direito Indígena, tendo papel fundamental na Constituinte de 1988 na defesa dos povos indígenas.
A vitória é significativa para o mundo jurídico, pois traz à tona debates sobre direitos humanos, justiça de transição e a responsabilização por crimes cometidos no regime autoritário. Além disso, destaca a necessidade de manter viva a discussão sobre reparação às vítimas e seus familiares, tema ainda sensível no Brasil.
A conquista foi celebrada por diversas autoridades. O ministro Flávio Dino, do STF, afirmou que “as formas literária e cinematográfica sublinharam a grandiosidade da cultura brasileira.”
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também comemorou: “Em nome do Senado Federal e do Congresso Nacional, parabenizo toda a equipe do filme, reafirmando o nosso compromisso com a valorização da cultura nacional, essencial para a identidade e o desenvolvimento do Brasil.”
Já o advogado-geral da União, Jorge Messias, citou Ulysses Guimarães no discurso de promulgação da Constituição de 1988.
“A sociedade foi Rubens Paiva. Não os facínoras que o mataram.” E completou: “O filme faz justiça a Rubens Paiva e nos convida a jamais esquecer aquele período.”