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Uso de IA no Judiciário será regulamentado com restrições e supervisão de juiz sobre qualquer decisão, define CNJ

Foto: Reprodução/ Rômulo Serpa/Ag. CNJ

jurinews.com.br

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou um ato normativo que estabelece regras para a utilização de inteligência artificial (IA) no sistema judicial. A medida busca equilibrar inovação e segurança jurídica, garantindo que as tecnologias auxiliem os magistrados, sem substituir sua função decisória.

O texto aprovado recebeu sugestões até os últimos momentos e, segundo informou o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, ainda serão permitidas retificações ou atualizações até o início da vigência da norma, em 120 dias. 

A nova regulamentação prevê a criação do Comitê Nacional de Inteligência Artificial do Judiciário, responsável por fiscalizar e orientar o desenvolvimento dessas tecnologias. Os tribunais deverão manter auditoria e monitoramento contínuos, assegurando o cumprimento de padrões éticos e legais. Além disso, será obrigatória a publicação de relatórios periódicos, promovendo transparência para advogados, defensores públicos e demais atores do sistema de Justiça.

RESTRIÇÕES AO USO DA IA

A regulamentação proíbe o uso de inteligência artificial para:

• Prever crimes com base em características pessoais ou comportamentais;
• Classificar cidadãos conforme sua condição social ou emocional para fundamentar decisões;
• Detectar emoções por meio de reconhecimento facial.

Essas restrições foram adotadas para evitar discriminação e violação de privacidade.

Outra diretriz essencial é a obrigatoriedade da supervisão humana sobre qualquer decisão judicial que utilize IA. Os sistemas serão usados como suporte aos magistrados, mas a avaliação final continuará sendo feita por um juiz.

Para garantir a correta aplicação dessas ferramentas, tribunais e escolas da magistratura deverão promover treinamentos regulares para magistrados e servidores.

PROTEÇÃO DE DADOS E SEGURANÇA

A norma também reforça a proteção de dados, adotando os princípios de privacy by design (segurança desde a concepção) e privacy by default (proteção por padrão). Os modelos de IA deverão ser treinados com dados anonimizados e provenientes de fontes seguras.

O CNJ pretende modernizar a Justiça sem comprometer direitos fundamentais, como transparência, ética e igualdade. A resolução estabelece um sistema de classificação de riscos, ajustando o nível de fiscalização conforme o impacto potencial da tecnologia utilizada.

O relator do projeto, Bandeira de Mello, destacou que a IA poderá auxiliar magistrados em audiências e análise de depoimentos, mas não substituirá o julgamento humano. “Ninguém quer ser julgado por um robô”, afirmou.

A regulamentação surge em um momento em que a IA já é utilizada por quase metade dos magistrados e servidores, ainda que de forma ocasional, conforme pesquisa divulgada pelo CNJ.

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