A Polícia Federal (PF) identificou movimentações financeiras suspeitas em dinheiro vivo e registros de supostas pesquisas eleitorais fraudulentas na residência do empresário Flávio Henrique da Silva, localizado na região de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.
Ele é investigado por usar seu instituto, o Publi QC, para extorquir políticos, oferecendo resultados favoráveis em pesquisas eleitorais em troca de dinheiro. A empresa registrou levantamentos eleitorais em 47 municípios paulistas, muitos deles com população reduzida.
As investigações foram iniciadas após uma denúncia anônima apontar que Flávio Silva ameaçava candidatos do interior de São Paulo com a publicação de pesquisas eleitorais desfavoráveis. Para evitar a divulgação de cenários negativos, políticos precisariam fazer depósitos em uma loja de móveis localizada em Ibirá, cidade próxima a São José do Rio Preto.
Em razão das eleições municipais em São José do Rio Preto, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Flávio Henrique. No primeiro turno, seu instituto divulgou uma pesquisa indicando o candidato Itamar Borges (MDB) com 36,5% das intenções de voto, enquanto Coronel Fábio Cândido (PL) aparecia com 12% e em terceiro lugar.
No entanto, o resultado oficial apontou Coronel Fábio na liderança, com 40,42% dos votos, e Itamar Borges em segundo, com 25,69%. Ambos disputam o segundo turno neste domingo (27). Não há indícios de envolvimento dos candidatos nos crimes investigados.
Durante as buscas, a PF apreendeu R$ 157 mil em dinheiro, além de documentos e computadores. Extratos bancários revelaram movimentações financeiras na conta de uma loja de móveis em Ibirá, que estaria formalmente registrada em nome de outra pessoa. Flávio alegou atuar no departamento comercial da loja, mas investigações mostram que ele nunca teve vínculo formal com a empresa.
“Considerando o exposto, resta evidente que parte dos valores movimentados na conta bancária da empresa Mania Móveis são, na verdade, decorrentes da atividade fraudulenta praticada por Flávio Henrique da Silva”, concluiu a PF.
Um levantamento feito pelo portal Metrópoles, com base nos registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indica que o instituto Publi QC realizou pesquisas eleitorais em diversas cidades do interior paulista, financiadas por uma empresa de publicidade. Investigadores agora buscam esclarecer o motivo do fluxo financeiro reverso, que envolve pagamentos em espécie, aparentemente fragmentados, e repasses à empresa que teria financiado as pesquisas.
A defesa de Flávio Henrique da Silva não foi localizada. A campanha de Itamar Borges declarou que “nunca contratou tal instituto, apenas divulgou os resultados que o próprio havia publicado em suas redes sociais”.
Redação, com informações do Metrópoles