Com o desejo de ter filhos sempre presente em sua vida, o advogado Saulo Amorim, de 42 anos, iniciou os trâmites para adotar em 2013. A amplitude de assuntos e os desafios apresentados durante as formações necessárias, o fez “transbordar” em conhecimento e o inspirou a fundar o Cores da Adoção, grupo que auxilia os pretendentes no processo de habilitação e posteriormente no período de convivência das novas famílias.
Focado na conscientização para as diferenças, o Cores, como é chamado, tem por diferencial a sensibilidade nas temáticas de diversidade, “seja ela qual for”. “É necessário preparar os adotantes para a imprevisibilidade. Para os pais, a criança nasce a partir da adoção, mas os pequenos têm uma história antes. Dessa forma, precisamos ser pais preparados para a diversidade e acolher os nossos filhos como são e como desejam ser, pois eles já têm um histórico de violências e negligências em suas vidas”, afirma Saulo.
Com sede no bairro de Vargem Pequena, zona oeste da capital fluminense, o Grupo Cores, após atender mais de 6.500 famílias, ganhou uma nova unidade no Sesc Copacabana para atender à demanda das zonas sul, centro e norte da cidade.
Os interessados têm formações sobre os mais variados temas, como: aspectos jurídicos e processuais, antirracismo, crianças com deficiências e acolhida para a diversidade. Além da parte social, burocrática e de delineação do perfil da criança. No Rio, estas temáticas, segundo Saulo, são pensadas e decididas pela Associação do Movimento da Adoção do Rio de Janeiro (Amar), em parceria com as Varas de Infância do Tribunal de Justiça (TJRJ).
Gay não binário e ‘namorido’ de Samuel Rodrigues, com quem está junto desde 2022, Saulo Amorim é pai de Teodoro, de 7 anos, e Lianor, de 2 anos. Segundo ele, o Grupo Cores é conhecido pela população LGBTIQIA+ por promover o convívio entre filhos e adotantes da comunidade, porém o advogado lembra que todos são bem-vindos para as formações. “Há também diversidade na heteroafetividade”, lembra.
Por fim, Saulo alerta para a necessidade do cumprimento de rito para a adoção, sob risco de cometer crime.
“Aqueles que desejam adotar devem procurar a vara de Infância e juventude para se informar e cumprir todos os requisitos. Quem deseja fazer uma entrega de criança também precisa ir lá. Não há outro meio seguro, não é para deixar com o vizinho, amigo, Conselho Tutelar e nenhuma outra entidade”, esclarece. “Quem não cumpre este processo, e ‘pega’ uma criança pode cometer crimes, desde tráfico infantil até outros previstos no código penal”, alerta. Com informações do Portal Terra.