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O amor por nome Zezé

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Há exatos sete dias, o Ministro José Augusto Delgado partia para o horizonte que só a fé nos faz enxergar, cumprindo o juramento que, dentre tantos por ele firmados, foi, de longe, o mais importante, porque sem ele a sua trajetória não teria o mesmo brilho, nem a sua vida, o mesmo valor.

Refiro-me ao juramento de amar e respeitar Maria José Costa Delgado na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de sua vida, até que a morte os separasse.

Foi assim que um José, que se tornou Ministro, e uma Maria, que também era José, construíram uma das mais lindas histórias de amor que o mundo poderia produzir, sem a qual a Maria não teria sido “de José” e o José, provavelmente, jamais teria sido Ministro.

Não se quer (nem se poderia) aqui tirar ou diminuir o mérito, de todos conhecido, da incalculável e monumental trajetória do Ministro Delgado; mas, sim, reconhecer em Zezé a indissociável importância que teve para quem transitou de forma notável pelo magistério, pela magistratura e pela advocacia.

Sobre a magistratura, atividade a que mais tempo o Ministro se dedicou, a que mais lhe deu identidade e na qual foi tudo que na carreira poderia experimentar, é possível considerar que Zezé viveu as agruras de quem teve assento em todos os cargos (Juiz de Direito, Juiz Federal, Desembargador Federal, Presidente do TRF-5, Ministro do STJ, Ministro do TSE), mesmo sem ter ocupado qualquer deles.

Aliás, no livro José, um Biografia de José Augusto Delgado (obra de leitura obrigatória para o direito e para a vida), de autoria do seu amigo fraterno Diógenes da Cunha Lima, Zezé diz, lá pelas tantas, que, “De tudo vivido, sentido e lembrado posso declarar, enfim, as tantas vezes que vi como é se construir um caráter obstinado, emoldurar um perfil impulsionado pela luta do que se quer sem margem para recuo. Isso, por natural consequência, há de resultar em muitas canseiras, mas só o tempo para um breve descansando, não mais que isso, para logo ressurgir novinho em folha e completamente refeito ao ponto do que deixou começado”.

E concluiu: “Eis aqui o que mais conheço, respeito e admiro no nosso predestinado juiz José Delgado”.

Foi, assim, na cumplicidade recíproca de um amor genuíno, que 56 anos de união foram edificados.

E sobre esse amor, que os multiplicou em Magnus, Liana e Ângelo, que gerou netos e bisneta, Zezé, por ocasião da aposentadoria do Ministro Delgado do STJ, tomou por empréstimo Tom Jobim e Vinícius de Morais, para retratar, em canção, os versos que melhor os definiam:

Eu sei e você sabe/
Já que a vida quis assim/
Que nada nesse mundo/
Levará você de mim/
(…)
Por isso, meu amor/
Não tenha medo de sofrer/
Que todos os caminhos/
Me encaminham pra você/

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