Enquanto é pressionado por uma campanha ostensiva para a indicação de uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece manter sua decisão cristalizada.
Ele tem dito a interlocutores que não enxerga resistências dentro da Corte à possível escolha do advogado Cristiano Zanin para a vaga que será aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, em maio próximo.
A avaliação de Lula se deu, sobretudo, após as declarações públicas da ministra Cármem Lúcia, muito respeitada pelos colegas da Corte, e que não foi desautorizada por nenhum dos ministros.
Para Cármem, a relação com Lula não desqualifica a indicação de Zanin e que o advogado tem todos os atributos necessários para o cargo.
A ministra não falou em nome do STF, mas sua opinião reverberou no Palácio do Planalto como um sinal verde, sem nenhum impedimento na Corte, para o presidente escolher o advogado que o defendeu nos processos da Lava Jato para a primeira vaga do Supremo que ele vai indicar neste novo governo.
Nem a declaração pública de Fachin engrossando o coro por uma ministra negra mudou a percepção de Lula, dizem fontes próximas ao presidente.
Ele entendeu que a fala de Fachin foi muito mais emblemática para marcar uma posição futura do que uma tentativa de pressão para a primeira vaga ou resistência ao nome de Zanin.
Até Lewandowski, que antes desejava deixar alguém de seu convívio em seu lugar, já entendeu que a escolha do presidente será marcada pelo critério personalíssimo.
É que Lula tem dito abertamente que antes de agradar alguém, ele quer primeiro se agradar da escolha que fará. Com isso, Zanin segue sendo, na visão do presidente, a opção mais assertiva e viável para o momento.