A gestão do ministro Dias Toffoli como presidente do Supremo Tribunal Federal acabou nesta quarta-feira (9/9). Talvez possa ser dito: nunca houve período mais conturbado para um chefe do Poder Judiciário brasileiro desde a redemocratização.
Toffoli viu crescer o antagonismo incitado por setores radicais da sociedade ao ponto de se tornar corriqueiro manifestações na Praça do Três Poderes pedindo fechamento do STF.
Diante de uma milícia virtual, o presidente do STF teve a coragem de abrir um inquérito para apurar quem financia o linchamento digital contra as instituições democráticas. Toffoli levou muitas pedradas por isso, mas parece que a democracia irá agradecê-lo num futuro não tão distante.
As tensões entre Executivo e Judiciário nunca foram tão grandes. No meio desse turbilhão, Toffoli soube manter a independência da corte e os interesses do país sem colocar mais lenha na fogueira. Recentemente disse: “No relacionamento que tive com o presidente Jair Bolsonaro e seus ministros de Estado, nunca vi diretamente nenhuma atitude contra a democracia”.
A declaração pode decepcionar muita gente que desejaria mais contundência. Mas, ao mesmo tempo, Toffoli liderou o STF na decisão que deu autonomia aos estados e municípios no combate a pandemia do covid-19, o que foi frontalmente contra os desejos de Bolsonaro.